terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Professores ocupam Câmara Municipal de Toledo

Tribuna livre foi concedida aos educadores como ato democrático minutos antes do início da sessão. Vereadores/as votaram ainda moção de repúdio ao Governador Beto Richa (PSDB) e aos Deputados Estaduais que votaram em favor do "Pacotaço das maldades"


Professores e professoras da rede estadual de ensino ocuparam o Auditório e Plenário Edílio Ferreira da Câmara Municipal de Toledo, na tarde de ontem, dia 23 de fevereiro. O presidente do legislativo, Ademar Dorfschmidt (PMDB) abriu espaço em tribuna livre para que os professoras/as em greve pudessem se pronunciar. Vereadores e Vereadora também tiveram a oportunidade da fala minutos antes de iniciar a sessão ordinária.

Os professores/as que ocuparam a tribuna demonstraram indignação com as atitudes do governo do estado em relação ao P.L nº 06/2015 e P.L.O 60/2015. As alterações nos direitos do professores foram denominados de “Pacotaço das Maldades”. O projeto foi retirado de votação após a ocupação feita pelos professores em greve na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) semanas antes. Até o momento nenhuma medida foi tomada por parte do governo do estado.

Ao usar a tribuna, a professora e Secretaria Educacional da APP Sindical, Marilene Gaudino Camillo exigiu explicações referentes às palavras do governador Beto Richa (PSDB) que, segundo ela, em mesa de negociação prometeu não alterar os direitos dos educadores. “Esperamos o mínimo de credibilidade do governo estadual para cumprir com aquilo que promete”, declarou.

Já a professora Silvana Sanches puxou a orelha dos legisladores/as. Segundo ela, a presença dos vereadores/as é fundamental nesse movimento. “Em vários municípios vizinhos nós vimos os políticos indo para as ruas e aderindo a luta juntamente com os professores e é isso que nós esperamos que aconteça em Toledo, também”, cobrou. “Nós estamos aqui pedindo socorro! Vamos nos orientar e cobrar de nossos legisladores. A luta precisa ir além do papel”, desabafou Silvana.




Moção de Repúdio

Após os pronunciamentos dos educadores, iniciou a sessão ordinária que trouxe para votação dois requerimentos de repúdio aos Deputados que votaram em favor da aprovação do “pacotaço das maldades” , em nome da Vereadora Sueli Guerra (PMDB) e com apoio dos vereadores da base aliada. Os mesmos também apresentaram moção de repúdio ao Governador Beto Richa pela forma truculenta que recebeu os professores. Se em 30 de agosto de 1988 o governo Álvaro Dias (PSDB) manchou a história do Paraná ao ordenar que a polícia avançasse com cavalos, cães e bombas de efeito moral contra docentes que reivindicavam seus direitos, desta vez o governo Beto Richa deixa mais uma marca da repressão do Estado na história do Paraná. 12 de fevereiro de 2015 e a tropa de choque avança com cães, balas de borracha e bombas de efeito moral contra os educadores.
 
O vereador Neudi Mosconi (SDD) alegou que está fazendo negociações com as secretarias estaduais para tentar rever as questões dos educadores paranaenses. Sueli Guerra rebateu as informações do vereador e foi aplaudida pelos educadores/as ao informar que o repúdio foi uma solicitação da APP Sindical em que boa parte dos vereadores, inclusive Mosconi haviam se comprometido em assinar. “O discurso é bonito, mas na prática nem sempre acontece. Nesse caso, um belo exemplo é o vereador Mosconi que se propôs a assinar o documento e nada fez”, declarou Sueli.

O vereador Adriano Remonti (PT), líder da base do governo declarou que o PT votaria fechado em favor das duas moções de repúdio. Já o vereador Luiz Fritzen (PP) alegou que essa é uma atitude que pode ser muito perigosa e pode complicar as relações do município com o estado. “Temos um Hospital Regional que poderia ser de responsabilidade do Estado, por isso precisamos agir com cautela. Talvez repudiar o governo Beto Richa não seja a melhor opção”, afirmou. Seguindo a mesma linha de Fritzen, Rogério Massing (PSDB) sugeriu que ao invés de enviar uma moção de repúdio, fosse feito um voto de apoiamento à greve. “Assim todos nós poderíamos assinar”, defendeu.



Vereadores apoiam movimento dos professores

Boa parte dos vereadores de Toledo demonstraram solidariedade à luta da classe. Walmor Lodi (PR) foi um deles. Ele comentou que durante a época de campanha, as contas do governo estadual estavam todas certas, mas agora o governo começa com os cortes inesperados. “Esse tal de 'pacotaço' é a maior prova de que o governador só está trazendo prejuízos para o nosso estado. São essas coisas me fazem sentir mal com a política, mesmo assim, continuo na luta com vocês”, se posicionou Lodi.

Já o vereador Marcos Zanetti (PT) lembrou que se existe algo neste país, pela qual se deve lutar é a educação. Ele ainda comparou os cortes dos salários dos professores com os recentes reajustes do auxílio moradia dos juízes paranaenses. “Se um salário de juiz de R$ 25.000,00 não é digno de moradia, então não é por falta de dinheiro que a educação está com o pé na lama e sim por falta de gestão”, desabafou.

Outro que demonstrou apoio à luta foi o vereador Edinaldo Santos (PSC). Em seu pronunciamento ele lembrou que sempre estudou em escola pública e está ao lado dos educadores. “Queremos que os professores saíam vencedores dessa luta”, afirmou.

Adriano Remonti (PT) não perdeu a oportunidade e lembrou que recentemente a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT) divulgou uma nota de repúdio ao governo do federal pelos últimos aumentos. Tendo isso como base, Remonti sugeriu que o mesmo fosse feito em relação ao governo do estado. “Tenho certeza que a ACIT também pode fazer uma nota de apoio à luta dos professores”, comentou.

Ademar Dorfschmidt (PMDB), atual presidente da Câmara declarou que um documento para garantir os direitos dos servidores seria elaborado a partir da Associação das Câmaras Municipais do Oeste do Paraná (Acamop).

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